Em 1751, a comunidade religiosa Carmelita comprou a fazenda Capão Alto em Castro, nesta época, localizada no caminho de Viamão. No lugar indicado pela flecha azul no mapa abaixo:
Adaptado de: CAMINHO DE VIAMÃO. Disponível em: http://images.slideplayer.com.br/7/1822244/slides/slide_10.jpg. Acesso em: 04/03/2018.
Castro era um dos lugares onde os tropeiros (clique aqui) paravam para descansar e depois prosseguiam viagem com o gado que era levado para ser vendido, principalmente nas feiras em Sorocaba-SP.
Depois de muitos anos, os carmelitas deixam a região de Castro e por esse motivo, à fazenda Capão Alto passa a ser administrada pelos escravos que nela viviam. A historiadora Joice Fernanda de Souza Oliveira explica esses acontecimentos:
Observe mais uma coisa, mesmo com a pequena população escrava em todo estado do Paraná, muitos deles desempenham funções importantes na administração, construção de casas e edifícios, cuidados dos animais e das lavouras. No século 19, muitos proprietários não moravam em suas próprias fazendas e por esse motivo, tinham que confiar a administração delas as pessoas de sua confiança. Por essa razão, muitos escravos de confiança chegaram a posições mais elevadas do que outros.
Durante a segunda metade do século 19, o fim do tráfico de escravos preocupava muitas pessoas, por conta da dificuldade de trazer mão de obra da África. Por esse motivo, a falta de escravos levou muitas fazendas de café, principalmente de São Paulo, a comprá-los de outras regiões de dentro do Brasil, prática conhecida até os dias de hoje como TRAFICO INTERPROVINCIAL.
Em 1864, os padres carmelitas arrendaram à fazenda Capão Alto a empresa Gavião, Ribeiro & Gavião, a qual decidiu utilizar a mão de obra dos seus escravos, nos cafezais e outras atividades desenvolvidas em São Paulo. Diante dessa novidade, foi grande a surpresa desses escravos quando souberam que a qualquer momento, teriam que deixar Castro, onde muitos viviam como se fossem pessoas livres, há vários anos.
Já imaginou ser surpreendido (a) com a informação de que você perderia a sua liberdade! Foi esse um dos motivos da revolta dos escravos em Castro. O historiador Eduardo Spiller Pena dá uma ideia das coisas que aconteceram na fazenda Capão Alto, depois que a notícia inesperada foi recebida:
Observe que os escravos não aceitaram a ideia de deixar a fazenda e estavam dispostos a lutar para permanecer nela. Por conta dessa insistência, a empresa Gavião, Ribeiro & Gavião solicita ajuda da polícia para retirá-los.
Em 10 de maio de 1864, a fazenda Capão Alto foi cercada pela polícia de Castro e Curitiba que colocou fim a revolta ao prender seus líderes. Devido a esses acontecimentos, o caminho fica aberto para a empresa Gavião, Ribeiro & Gavião fazer o tráfico interprovincial de 236 escravos para São Paulo.