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Agora, vocês já sabem que a presença indígena na Província del Guayrá era muito grande, imagino que devem estar se perguntando: Como é possível a apropriação de um território já ocupado por outros? Como era a relação entre índios e espanhóis?
A invasão do território indígena por parte dos espanhóis que alegavam estar protegendo suas fronteiras foi conflituosa. Nos documentos de época e nos estudos já realizados, estão presentes diferentes relações entre índios e espanhóis, mas, inicialmente, marcada pelo conflito e resistência. Apesar de os índios serem mais numerosos, o recurso das armas de fogo utilizadas pelos espanhóis acabou subjugando muitos grupos de índios guaranis. Esses índios guaranis foram explorados pelos espanhóis por meio de dois sistemas impostos: a encomienda e a mita. A encomienda foi um sistema criado pelos espanhóis e imposto aos indígenas durante o período colonial para o trabalho de extração da erva-mate, com objetivo de explorar o trabalho indígena de forma compulsória por um colono que teria direito enquanto vivesse. Vinte mil índios foram encomendados. Em troca, o colono era responsável pelo índio (sustentar e vestir) e deveria promover sua cristianização, sem nunca vendê-lo ou maltratá-lo. Na teoria, era um servo e não escravo, pois, segundo a legislação colonial espanhola, os yanáconas (índios submetidos) estavam subordinados às terras e não aos proprietários, daí o fato de não estarem à venda e, assim, não serem considerados escravos. Já a Mita era um sistema de trabalho forçado imposto e tinha como origem a ação dos reis incas, no Peru.
Nesse sistema aplicado pelos espanhóis, uma parte dos índios era utilizada para o trabalho em uma jornada de quatro dias de trabalho semanal, permitindo que só fosse retirada a quarta parte dos indígenas encomendados, proibindo castigo aos índios e carregamento excessivo em seus trabalhos. Na prática, a realidade foi outra, a violência empregada pelos colonos espanhóis era naturalizada e de difícil controle por parte da coroa espanhola.